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sexta-feira, 25 de março de 2016

Quem vê cara não vê coração



                Internada num hospital, dona Dorinha, uma senhora idosa reunia forças humanas e divinas para enfrentar a dor, a aflição e, sobretudo as conseqüências de um repentino infarto.
                Essas forças são resultados da imensa fé em Deus que sempre testemunhou. Ao longo dos seus setenta anos, desde criança aprendeu com os pais a crer em Deus, ser justa e viver com dignidade. Dona Dorinha usava uma sonda para expelir o líquido que se alojava na bexiga. Mas, certo dia a sonda deslocou fazendo que o líquido expelisse sobre a cama, molhando suas roupas, a roupa da cama e parte de seu corpo.
                Uma experiente enfermeira deixou-a abalada:
                - Como pode dona Dorinha, você deixar isso acontecer?
                - Eu não tive culpa. A sonda deslocou sozinha, respondeu dona Dorinha.
                - Não faça mais isso. Isso é muito feio para uma pessoa na sua idade, falou a enfermeira em tom imperativo à paciente.
                No mesmo instante, dona Dorinha retrucou com personalidade:
                - Você sendo uma profissional, deveria tratar com mais carinho os pacientes. Eu estou aqui porque estou doente, senão estaria em casa.
                A enfermeira não desceu do degrau de autoritária:
                - A senhora é mal educada. Deveria...
                - Mal educada é você, respondeu imediatamente dona Dorinha. Você carrega esse crucifixo no peito e não o honra.
                Houveram mais algumas farpas trocadas até que veio outra enfermeira cuidar de Dona Dorinha.
                Passados dois dias as duas estavam amigas. Dona Dorinha dizia aos familiares que ela estava sendo tratada como filha pela nova enfermeira, quão grande é o carinho e a atenção que recebe. A nova enfermeira até elogiava a vida de fé, a alegria de coração, a família, a vivacidade estampada no rosto de dona Dorinha.
                A uma das netas, dona Dorinha fez uma confissão:
                - Eu tive uma grande experiência de Deus em minha vida. A primeira enfermeira, que eu esperava ser bem tratada por ela carregar um crucifixo no peito e por ser católica como eu, tratou mal os pacientes, a segunda enfermeira, da igreja dos crentes, tratou os pacientes com carinho, atenção e amor.
                Para quem está internada na UTI do hospital de Clínicas pelo SUS, qual família precisa comprar medicamentos pro hospital tratar o paciente, cujas batidas do coração está como o dólar, que sobe e desce a todo instante, a atitude antiética de uma funcionária renova o provérbio secular: quem vê cara não vê coração.

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