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terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Produto de poeta

Produto de poeta

Quanta gente discursando
como se fossem dono das pessoas
e não apenas das pessoas
mas também da alma das pessoas,
donos do futuro, da justiça,
da esperança das pessoas.

Quanta gente gritando
como se fossem senhor
nosso Senhor, poderoso,
pensando que pode tudo
que faz tudo
resolve tudo.

Em todo lugar tem alguém
dizendo o que devo falar
apontando o que devo fazer
usando o que devo vestir
definindo se devo chorar.

A igreja, o governo, o partido,
a escola, a família, a sociedade,
todo mundo representa o que é bom
o que é direito
e sobra apenas eu
pra representar o que não ´presta.

Mal posso erguer a cabeça
e já tem alguém sussurrando
gritando no meu ouvido
mas esses gritos medonhos
não me evangelizam mais.

Nunca mais vão me convencer
a ser corrupto
nunca mais vão empurrar
goela abaixo
os modernos preconceitos.

Esses gritos não querem
que eu seja um cidadão
mas eu serei melhor
serei um militante
do novo e da diversidade.

Não quero mais essa liturgia
transvestida de sofrimento e pobreza
de rituais carregados
de penitência e clamor
e deuses loucos
insanos e prepotentes.

Agora sei o que é direito
me acostumei com o que é bom
não represento mais o que não presta
aprendi com os poetas
a produzir alegria
e fazer poesia.

José Domingos 10/02/2016