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quinta-feira, 31 de março de 2016

POEMA DEDICADO AQUELES QUE COSPEM NO PRATO QUE COMEU

A condenação de Cristo à morte foi um fato.
Mas, qual crime Cristo cometeu?
Cristo prometeu a vida eterna.
...
A vida eterna é um bem
Que o Estado não tem domínio
A igreja não tem domínio
A pessoa conquista e se liberta.

Cristo cometeu uma pedalada.
Quando propôs: você será justo agora
E receberá a vida eterna
Ficará livre das epopéias do Estado-igreja.

Os inventores do direito odiaram
Os barqueiros do inferno tremeram.
O problema é que Cristo anunciou:
Chega de cartório pra garantir vida eterna!
Chega de carimbos e protocolos
Pra dizer que eu sou justo.

Pois, pela segunda vez na história
Alguém venceu os doutores e chefes de igreja.
Com os mesmos argumentos romanos e gregos:
A primeira vez foi Sócrates.
Antes de Cristo, foi condenado a morte.
Crime? Pedaladas.

Dias antes o povo vibrava com ramos e tapetes
Dias depois mandaram envenenar, cortar a cabeça
Convencidos por aqueles poderosos
Que transformam seus filhos e filhas
Em escravos e prostitutas.

Que lástima, que vida mais agnóstica,
Essa de ser convencido por poderosos
Que roubam nosso ouro e nosso couro!
Que desejo insano de sofrer,
vontade louca de morrer,
E deixar sua alma à mercê
Daqueles que em vida não quiserem te socorrer.

História do Paraná

1730 - recenseamento da coroa dava conta de 1000 pessoas em Curitiba, 2000 em Paranaguá, 3000 no resto do Paraná; mas havia 130.000 índios Tupi-guarani.
1600 - só nesse ano o Paraná passa a ser importante para coroa portuguesa, 100 anos depois do descobrimento.
1623 - vieram as primeiras expedições em busca de ouro;
1730 - quem pode voltou, quem não pode ficou. tinham encontrado apenas um pouco de ouro em Campo Largo.
1580 - havia expedições dos jesuítas;
1710 - mais ou menos nesse começou a serem dizimados os tupi guaranis e nesta época eles ja estavam na serra da esperança, rumando ao oeste e acreditavam religiosamente que la no oeste estava a terra sagrada.
1750 - teve o ciclo do tropeirismo. aqueles que traziam gado para Sorocaba e Minas Gerais; dessa época portugueses chegam e alguns se casam com mulheres tupi guaranis. Isso deixou traços até hoje, podemos perceber e desse casamento surge a cultura cabocla. do tropeirismo vem o fortalecimento da agricultura para casa dos tropeiros que eram bastante.

quarta-feira, 30 de março de 2016

“Eros e Psique”

 Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
Do além do muro da estrada.
Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.
A Princesa adormecida,
Se espera, dormindo espera.
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.
Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado.
Ele dela é ignorado.
Ela para ele é ninguém.
Mas cada um cumpre o Destino -
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.
E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E, vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora.
E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão , e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia -

de Fernando Pessoa

terça-feira, 29 de março de 2016

Sobre alunos

       Os alunos são sujeitos da escola, muito mais, são o núcleo do sujeito. No esquema morfossintático escolar, os alunos são o sujeito e o núcleo morfossintático, são executores da ação de aprender e portanto, quem é mais importante: quem aprende ou quem ensina? Na minha opinião é quem aprende, pois é através desses sujeitos que se dá a partida para execução de todas as outras atividades pertinentes.
       Ora, quem ensina é mais valorizado pelo sistema escolar, possuem categorias, regimentos e forte marketing social. Reivindicam, inclusive, a tarefa de educadores, mestres, doutores, como se essas denominações facilitasse o aprendizado do aluno.
       Quem aprende são, as vezes, educandos, que virou sinônimo de gente velha, mas, na verdade, são estudantes.

Ave Maria da América

Ave Maria, Ave Maria
Nossa mãe Maria, nossa senhora.
Maria de Nazaré.

Quem foi essa mulher cheia de graça
Que a presença divina em si habitou
Bendita dentre todas as mulheres
Pois aceitou ser mãe de Deus e se entregou
Santíssima Maria mãe do Cristo Jesus
Rogai por nós teus filhos porque somos pecadores
Te louvamos, bendizemos, és rainha universal
Padroeira desse povo, livrai-nos de todo mal.

Ave Maria, Ave Maria
Nossa mãe Maria, nossa Senhora
Maria da América.

Grita América latina tão sofrida
Massacrada por tiranos do poder
Liberdade grita o povo com Maria
Que o exemplo de teu filho fez valer.
Humilhados, exilados, morrem por denunciar
A falsidade da utopia de governos ditadores
Mas a morte tem sentido pois a cruz não foi em vão
Com Maria e teu filho venceremos o dragão.

Ave Maria, Maria de Nazaré
Ave Maria, Maria de Nazaré

Spinoza

Todo grande homem rompe, por vontade ou não, a corrente que o prendeu, enquanto foi fraco e vulnerável. É como um segundo nascimento, necessário para lhe dar a independência, a força, a coragem, a afirmação da própria personalidade.

Escravos do século XX

       O combate dos vícios.
       O livro traz uma nova voz sobre o vício, velho inimigo do homem.
       Jamais teria contraído o hábito de fumar e beber, se conhecesse previamente como é seu caminho de dor e vergonha.
       O único poder que não é droga é o conhecimento quando é repartido.
       Os vencedores impõe seus vícios. Assim é por séculos e séculos.
       O vício é a marca da decadência.
       O vício é sinônimo de regressão e atavismo.
       Vicio é:
       - Práticas evidentemente lesivas para o indivíduo ou que levam a atos manifestamente antissociais;
       - A aquisição de qualquer hábito que acarrete prejuízos corporais, morais ou econômicos e cujo abandono seja impossível por decisão espontânea ou exija um extraordinário esforço de vontade para ser efetuado.
       Causas do vício:
       - Causas acidentais - tratamento com uso de entorpecentes (remédios);
       - Desajustes e tensões psíquicas: roer unha;
       - Cinema, teatro, tv;
       - Ignorância;
       - Leituras imorais:
       - Ambiente de moral duvidosa;
       - Lares desunidos;
       Clifford Anderson, no artigo "como deixar de fumar", disse:
       "Não mais tosse bronquial. Não mais palpitações, porém, um coração calmo, rítmico; um pulso sereno, uma respiração suave, boca limpa, corpo relaxado e uma mente que se controla a si mesma. Você já não está sujeito a um pacote de cigarros ou a uma caixa de rapé.
       E que vantagem adicional isso traz? Simplesmente isso: você terá mais possibilidades de gozar uma vida longa, radiante, sadia e feliz, com a realização do seu pleno poder moral. Você será senhor de si mesmo e não mais um escravo. A vida não concede satisfação mais plena para você ou para qualquer outra pessoa do que esta."

Não

Partindo do pressuposto que a educação dos filhos deve ter palavra não como uma maneira de impor limites e autoridade, reforço a idéia de que essa atitude é coisa do passado e que foi baseada no autoritarismo político que setenciou a negação como medida corretiva e educativa.
Literalmente não podemos voltar no tempo. Não existe uma máquina que nos leve ao passa do para corrigir alguma coisa. Os erros do passado só serão possíveis de serem detectados no futuro e se basear em qulquer medida educativa do passado e que é questionada na atualidade, é o mesmo que admitir falta de competencia para assumir um modelo educativo libertador.
A maneira educativa de educar os filhos utilizada no passado nunca deveria ter saido das paginas dos livros das atrocidades políticas.
Recordo que quando era adolecente convivi com muitos amigos e eu disse muitos amigos, cujo despertador da manhã era uma chibatada de relho de animal. Alguns pais jogava agua nos filhos para cordarem e houve até aqueles que batiam com a face do facão para fazer o filho acordar e levantar.
A professora tinha uma vara sobre a mesa e se o aluno falasse qualquer coisa que não agradasse a ela, lhe dava uma varada, deixava um vergão como exemplo a outros meninos. Pois é, eu nunca apanhei da professora, eu sempre tive medo de falar na sala de aula a não ser quando a professora perguntava pois eu não queria apanhar de vara na escola. Eu era muito vergonhoso, doia muito aquelas varadas e ficava feio aqueles vergões nas costas dos meninos.
Na rua não era muito diferente da escola e de casa. Era um complemento da violência. Na maioria das vezes o ambiente era mais cruel, mas as vezes era grande a sensação de liberdade, de ficar só sem ser vigiado, de pensar qualquer coisa, de sonhar o presente.
Adolescentes, eramos proibidos de sonhar. Muitos garotos recebiam admoestações de pais, professores e amigos. Estudar pra quê? Você vai ser boia-fria. Ou então: Pra quê brincar de carrinho se você nunca vai ter um carro e nunca vai aprender a dirigir?
Se pensarmos na adolescência de nossos pais a história é pior ainda. Quem foi adolescente entre as décadas de 50 e 60 viveu a abertura do país à industrialização, ao capital estrangeiro e uma ditadura de governo demagógica, o qual afirmava ser o "o pai dos pobres", fazendo os pobres terem o governo como o senhor de suas vidas, de seu futuro e não arredarem um milímetro sequer das formas educativas aplicadas ao povo.
Hoje se vê um grupo de skaitistas fazendo manobras perigosas em cima de uma prancha sem forma, rodinhas miúds, arriscando a vida sobre barras de ferro onde deslisam seus skates em velocidades razoavelmente altas.
O comportamento desses adolescentes afronta a todos. A roupa rasgada, calças largas, caindo sobre as nadegas deixando aparecer a cueca, falando palavras incompreensíveis e enfim afirmando a marca de uma fase.
Estes skatistas abolem todas essas regras comportamentais da sociedade que são baseadas no passado. Creio que eles profetizam e reivindicam, silenciosamente, uma mudança na educação dos filhos.
Os skaitistas são uma referência, mas há outras tribos que se reúnem para diversas atividades proibidas pela tradição educativa.
A atitude desses jovens de agora são uma forma de rompimento com o passado e uma conquista de espaço no presente. Penso que a cada ? surgirá novas formas de rompimento do modelo antigo de educação.
O melhor que os educadores, legisladores e políticos em geral deveriam fazer era pensar um modelo de educação, de política, sociedade, com novas regras morais, baseadas no anseio dos jovens de agora.
Que sobreviva a vida, que sobreviva a garantia de viver a vida com prazer e responsabilidade, que renasça a esperança do surgimento de uma sociedade capaz de se moldar a cada dia com regras morais, políticas, econômicas, religiosas, comportamentais, flexiveis....

Educação dos filhos

Prezada(o) leitora (or)!
 
Vou tratar de um assunto ponderável. Pais e mães com idade média de vinte e cinco anos.
Quando subtraímos vinte e cinco de dois mil, chegamos ao ano mil novecentos e setenta e cinco.
Nesse ano vivíamos, no Brasil, sob o comando de um regime militar e era uma ditadura política, portanto, em tese, a ditadura era o regime oficial.
A característica base dessa época era a proibição, a censura, a repressão. Todo comportamento e ação era vigiado de duas maneiras: a) primeiro pelo código explicito de regras morais, onde estava escrito tudo o que podíamos pensar, dizer e fazer, e se não cumpríssemos,  estaríamos sujeitos a punição severa, inclusive poderíamos ser punido com morte, sem direito a defesa; b) outra maneira do governo vigiar as pessoas era pela divulgação do medo, do reforço do sentir medo. Medo de estar vigiado, medo de pensar diferente, de fazer diferente, de ser diferente. Medo da punição e da morte. Destes, o mais terrível era o medo de ser diferente, o que é difícil de segurar.
Não tanto nos, mas principalmente nossos pais, nossos educadores, nossos formadores de opinião, foram podados. Tiveram que mudar a forma de educar. Eram literalmente obrigados a dizer não, a proibir, censurar, repreender. Negação, censura e repreensão, eram métodos de educação, permitidos publicamente e também nas escolas. Aqui o método não importava com o conteúdo e sim com disciplina. Era mais importante a disciplina.
Voltando no tempo um pouco mais, percebemos que nossos pais experimentaram a ditadura vargas. Algumas avaliações sociológicas dão conta de que foi uma ditadura terrível, diferente por não ser ditadura militar, porem a caracteristica era a mesma: proibição, censura e repressão.
Isto é, nós, quando adolescentes e juventude vivemos sob os mesmos métodos educativos que nossos pais.
Essa constatação me faz questionar os dias de hoje, o método de educação que utilizo para educar meus filhos e o método utilizado na escola que trabalho ou na que meu filho estuda.
De vez em quando escuto profissionais da educação, das ciencias humanas e das exatas, que é necessário mais autoridade dos pais em relação aos filhos desobedientes, mais repressão aos filhos que não seguem os conselhos dos pais, mais punição aos filhos quando cometem erros, mais censura aos filhos quando escutam certos tipos de música ou de moda, ou dança ou diversão.
Essa afirmação não é condizente com a evolução pessoal, tecnológica, política, do modo de ser, pensar e agir, dos últimos vinte e cinco anos.
Não mais vivemos a característica da censura, da proibição e da repressão, portanto não convivemos mais com aquele medo de pensar e agir.
Dizer nãos aos filhos não pode ser encarado como forma de resolução aos problemas familiares e sociais; censurar os filhos não é a forma correta de ensinar o que é bom e o que é ruim para eles; repreender os filhos com punição não é a meneira correta de mostrar a nossa capacidade de julgá-los.
Tudo isso nos dias de hoje foi substituido pelo dialogo. qualquer ação contrária ao diálogo é abertura para ditadura, para volta do regime da negação.
Os admiradores da ditadura dizem que existem um grande numero de vagabundos, meninos de rua, marginais, imorais. Tudo bem: existe sim! Mas, eles são os frutos da negação. Nós ainda não colhemos os frutos do diálogo.
Se compararmos os níveis, volumes e tipos de criminalidade e marginalidade atual com os de vinte cinco anos atrás, notaremos que hoje houve uma grande diminuição e caminha para resultados ainda melhores.
Outro ponto importante é que nos últimos vinte e cinco anos não ocorreu somente evolução tecnico-cientifica, mas sobretudo da moral, da ética e da religião.  Na moral de hoje temos a contribuição da constituição brasileira por ter sido construida coletivamente e ser modificada através do legislativo.
Na ética de hoje temos a contribuição da consciencia dos direitos e deveres, isto é, não temos medo de pensar e agir e sabemos que podemos errar e sermos punidos, no entanto, na maioria das vezes erramos procurando melhorar.
Na religiaõ de hoje se fala e se pratica cada vez mais o ecumenismo. E a evolução mais marcante da religião é o fato dos padres terem largado o latim e viraram de frente aos fiéis e passaram a encarar o homem e a mulher coo sujeitos da religião.
Não gostaria de sugerir nenhum modelo educativo, mas estou certo de que se conversar com meu filho sobre tudo, absolutamente tudo, desde sua gestação; se mostrar-lhe todas as coisas e as verdades das coisas do mundo, desde seu nascimento, terei preparado ele para tomar decisões. E se ele errar, errará por ser humano, errará por ter tentado acertar. Não aerrará pela falta de conhecimento. Afinal, nossos maiores erros se justificam pela nossa falta de conhecimento. nossos maiores erros se dão por ter de caminhar e por caminhar sem saber para onde quero e devo ir,
A minha consciencia me leva a crer nessa idéia porque um erro acontece influenciado por várias interferencias e a influência menos perigosa, menos perniciosa, é a influência dos pais e mães que amam de verdade os filhos.
Creio piamente que nenhum pai e nenhuma mãe ensina o filho a ser um mentiroso e na pior da hipóteses a ser um assassino. Quando o filho torna-se mentiroso ou assassino, ele o faz por motivos, os quais, não são culpa da família e sim da sociedade e do Estado.
A sociedade e o Estado influenciam drasticamente nos erros de uma pessoa. Como? É facil saber.
A sociedade é formada basicamente por instituições formais e cunho juridico. E a familia, que tambem é uma instituição, se difere da sociedade pelo aspecto transcendental, mistico e espiritual. Cada instituição da sociedade tem um papel, embora compostas por pessoas, regulam comportamentos e levam pessoas a serem felizes ou infelizes.
O Estado então é o regulador máximo disso tudo. Também formado por pessoas, carrega sobre si uma missão onipotente. O Estado é mais venerado ainda por ser responsável pela justiça e por isso mesmo chega a ser o mais impiedoso e injusto. A sociedade e o Estado determinam modos de vida, mudam regras de comportamentos sem a permissão ou muito menos, sem a concordância da família.
O que foi a ditadura militar e a ditadura Vargas senão mudanças radicais de regras e comportamentos das sem concordância da família? O que é o desemprego senão o resultado da falta de oportunidade de trabalho que por sua vez, a oportunidade de trabalho é propriedade de instituições jurídicas? O que é a miséria senão o resultado do acúmulo dos bens necessários para a plenitude da vida? O que é a pobreza senão a falta de coragem do homem e da mulher em encarar a dura realidade das diferenças da sociedade? O que é o desvio de verbas públicas senão o desejo humano de poder, incontrolável, implantado pela fragilidade do Estado? O que é o crime de entorpecentes senão o desejo de poder-ser dentro das instituições e a necessidade de autoafirmação de um homem perante a sociedade?
Diante disso tudo, não vejo motivos para utilizar a palavra NÃO como forma de imposição de limites aos meus filhos; não vejo motivos para utilizar da REPRESSÃO aos meus filhos, ainda que em pequena proporção, como forma de mostrar-lhes que tenho autoridade;
Os limites para meus filhos devo mostrar pela dinâmica do dialogo, da amizade, da sinceridade, da gratidão, da humildade...
A minha autoridade perante meus filhos eu devo conquistar e não impor. Autoridade imposta é pai e mãe condenados ao esquecimento, ao abandono dos filhos.
Não vejo crime algum na família. Acho que a família erra por ser humana e peca por ser santa. 

A primeira vez

Quando te vi pela primeira vez
o brilho de teus olhos
causou espanto e admiração.

Seria capaz de beijar seus lábios
acariciar sua face
te namorar?

Não quero uma poesia de impacto
ou palavras que não expressem
o que realmente sinto por você.

sábado, 26 de março de 2016

Oi, olha o trem!



Quem não se lembra dos filmes de faroeste em que o bandido amarra o mocinho nos trilhos de trem e desaparece com o saco de dinheiro, crendo que o trem o esmagará. Em seguida, o mocinho se desamarra, consegue escapar enquanto o trem passa buzinando em alta velocidade.
            Ou então, quem nunca viu aqueles desenhos animados, na TV ou no gibi, em que um personagem é amarrado nos trilhos e se desamarra como num passe de mágica enquanto o trem passa rapidamente.
            São muitas histórias de trens.
            Quem nunca ouviu falar do Profeta João de Maria? Esse homem era um líder religioso, odiado por fazendeiros capitalistas e amado pelos pequenos agricultores que moravam em comunidades de faxinais.
            Contam os mais velhos que o Profeta João de Maria disse no início do ano 1900, aqui no Paraná, próximo a Curitiba:
            - Um dia, lá da capital, virá um boi, soltando fumaça pelas ventas e gritando pelos chifres; na terra que esse boi por os pés, nada mais nascerá; entrará na casa dos lavradores e derrubará; quando o boi vier, quem ficar na frente morrerá; o boi terá asas e quando chacoalhar derrubará todas as arvores a sua direita e a sua esquerda, por onde passar;
            Esse boi era o trem. Suas asas foi o acordo feito entre o governo do Paraná e uma empresa estrangeira, a qual permitiu a exploração de toda madeira, quilômetros em volta da linha do trem, os pés do boi.
            A população de Curitiba não tem a mesma sorte que os personagens da ficção e até são castigados com sofrimentos cruéis causados por atropelamentos, amputação de membros e mortes, em homens, mulheres e crianças. O número de acidentes causados por trens é assustador. Várias pessoas já morreram e outros tantos ficaram com seqüelas. Crianças perderam pernas e braços tentando atravessar trilhos no meio da movimentação de trens. Esse boi existe em Curitiba e continua dando lucro para alguns, dores e sofrimentos para outros.
            Para cada acidente uma versão diferente. Se não fosse um caso sério seria cômico.
            Setembro de 2001, o Grito dos Excluídos apresentou um menino, no colo da mãe, sem uma das pernas que foi cortada pelo trem quando atravessava a estrada de ferro.
Final de 2001, um Senhor desceu dum carro agradeceu a carona e foi pego pela carruagem de ferro. Segundo o maquinista, única testemunha, o homem não ouviu o apito do trem.
            Em agosto de 2002, dois acidentes com morte. Num deles um homem, dizem que era surdo, caminhava pela beira dos trilhos, não ouviu o apito do trem e a locomotiva o pegou.
            Não é de hoje que isso acontece em Curitiba. Por alguns anos houve uma trégua. De alguns anos pra cá, o trem que traz progresso também trouxe mortes e outras conseqüências para Capital.
            Tem famílias em Curitiba que foram afetadas por uma explosão de dinamites e a três gerações nascem pessoas surdas. Um dos familiares sobreviveu a uma explosão de um vagão carregado de dinamite, exatamente onde hoje é a rodoferroviária. Foi uma explosão tão forte que atingiu os alicerces de onde hoje é a Câmara de Vereadores, em frente a Praça Eufrásio Correia.
            Se você for visitar a comunidade Pantanal, região sul de Curitiba vai pensar que está num cenário de filme de ficção. De um lado um gigantesco campo de máquinas e de outro a comunidade. Os moradores precisam driblar os trens para ir trabalhar e as crianças que todos os dias precisam estudar são as que mais sofrem acidentes.
            Estes aspectos do passado bem distante, alinhados aos do presente, demonstra que uma coisa não evolui na cidade de Curitiba: O modo de comercializar a produção. Ora o caminhão, ora o trem.
Passados uma centena de anos, a profecia de João de Maria pode se cumprir pela segunda vez na região de Curitiba, nestas bandas do Estado do Paraná. Agricultores de Campo Largo, Campo Magro, Almirante Tamandaré e Araucária terão partes de sua pequena propriedade engolidos pelo “boi” de ferro. O “boi” que retorna com a mesma fome e mais disposto à barbáries. E o governo, de novo, solta o boi rumo as mesmas terras.
Enquanto isso, a condição de vida dos operários e moradores sempre foi tristemente comparada a um antigo provérbio: sai da frente que o trem vem vindo!



sexta-feira, 25 de março de 2016

Quem vê cara não vê coração



                Internada num hospital, dona Dorinha, uma senhora idosa reunia forças humanas e divinas para enfrentar a dor, a aflição e, sobretudo as conseqüências de um repentino infarto.
                Essas forças são resultados da imensa fé em Deus que sempre testemunhou. Ao longo dos seus setenta anos, desde criança aprendeu com os pais a crer em Deus, ser justa e viver com dignidade. Dona Dorinha usava uma sonda para expelir o líquido que se alojava na bexiga. Mas, certo dia a sonda deslocou fazendo que o líquido expelisse sobre a cama, molhando suas roupas, a roupa da cama e parte de seu corpo.
                Uma experiente enfermeira deixou-a abalada:
                - Como pode dona Dorinha, você deixar isso acontecer?
                - Eu não tive culpa. A sonda deslocou sozinha, respondeu dona Dorinha.
                - Não faça mais isso. Isso é muito feio para uma pessoa na sua idade, falou a enfermeira em tom imperativo à paciente.
                No mesmo instante, dona Dorinha retrucou com personalidade:
                - Você sendo uma profissional, deveria tratar com mais carinho os pacientes. Eu estou aqui porque estou doente, senão estaria em casa.
                A enfermeira não desceu do degrau de autoritária:
                - A senhora é mal educada. Deveria...
                - Mal educada é você, respondeu imediatamente dona Dorinha. Você carrega esse crucifixo no peito e não o honra.
                Houveram mais algumas farpas trocadas até que veio outra enfermeira cuidar de Dona Dorinha.
                Passados dois dias as duas estavam amigas. Dona Dorinha dizia aos familiares que ela estava sendo tratada como filha pela nova enfermeira, quão grande é o carinho e a atenção que recebe. A nova enfermeira até elogiava a vida de fé, a alegria de coração, a família, a vivacidade estampada no rosto de dona Dorinha.
                A uma das netas, dona Dorinha fez uma confissão:
                - Eu tive uma grande experiência de Deus em minha vida. A primeira enfermeira, que eu esperava ser bem tratada por ela carregar um crucifixo no peito e por ser católica como eu, tratou mal os pacientes, a segunda enfermeira, da igreja dos crentes, tratou os pacientes com carinho, atenção e amor.
                Para quem está internada na UTI do hospital de Clínicas pelo SUS, qual família precisa comprar medicamentos pro hospital tratar o paciente, cujas batidas do coração está como o dólar, que sobe e desce a todo instante, a atitude antiética de uma funcionária renova o provérbio secular: quem vê cara não vê coração.

Chão do sertão



Os açudes não sangram!
“... a situação aqui está meio feia, estamos bem, graças a Deus. Os lucros foram poucos, não fizemos milho, assim mesmo fizemos nove sacos de feijão de arranca. As chuvas foram poucas, os açudes quase nem sangram”.
Fim por fim. Feito por mim.
Gilvanete Domingos dos Santos, Lagoinha, 30/06/92.

Migração. Do sertão da Paraíba pra São Paulo.
... Eu peço que Deus te proteja para que cumpra o seu destino, pois eu admiro a sua coragem. Olha, estou em São Paulo, moro com meu irmão (o Bibi) e com Verim (filho do tio Joaquim). Já faz sete meses que estou aqui. Eu sinto muita saudade de você, gostaria de conhecer seus pais que são meus tios, mas acho que nunca vai acontecer, então vou apenas lembrar e ficar com saudade. Mande uma foto pra rnim. Um abraço de sua prima que você chama pelo nome certo. Maristela.
De Maristela ou Telma. Jandira(SP), 22/ll/92
Não tem nem folhas nas matas!
"Aqui estamos sem inverno, não chove, tá um sacrifício por água. Não tem nem folhas nas matas, estão todas secas, a coisa aqui está meio feia."
Maria Janete dos Santos, Lagoinha, 23/02/93
Sobre a seca do sertão...
            “... sim, sobe a venda do feijão, papai continua como sempre, apresar da crise, mas nos vamos levando até mais ou menos; só que a seca aqui é terrível. O pessoal sofre, mais pior é para os animais. É uma carestia de fazer horror, mas tudo é como Deus quer e nós graças a deus estamos bem...” – Ivonete, município de Tabira, PE. 05/93 – Tabira.
            Chuva no sertão
            “... Olha sobrinho, caiu a chuva aqui dia 1,2 e 3 de maio (ano 1993). Eu plantei um pouco. Tem gente que não vai plantar mais, porque aqui ainda não temos inverno. A gente fica pensando que não vai mais vir chuva.” Antonio, povoado de Lagoinha, município de Agua Branca, PB. 14 de maio de 1993.
            Não choveu e ainda morreram vários!
"... Olha, aqui ainda não choveu, só caiu um sereno para nos animarmos e confiar mais ainda em Deus. Neste final de ano morreu bastante gente por aqui, morreu Maria de tio Zé Domingos, morreu titia de tio Zé Domingos também e morreu também uma irmã de mamãe, Marcelina, não sei se você conheceu ela e no dia 19 de dezembro morreu João de finado Nego Domingo, o paralítico da cadeira de rodas, lembra?
Gilvanete, 06/01/1994, Lagoinha 
            Choveu, melhorou!
            “... não escrevi antes, não foi por falta de tempo, mas só porque eu queria te escrever quando as coisas melhorasse e agora já melhorou um pouco porque deu umas chuvas boas, já fizemos um plantio, já estão nascendo milho e feijão. Olha, foi uma chuva tão boa que o açude do tio Joaquim encheu. Olha, aqui tava tão ruim que não tinha nem o que os bicho comer. Os bicho comia “agave” pra não  morrer de fome”. Antonio, Lagoinha, Agua Branca, PB, 27/01/1994
            As pragas devoram o que resta da plantação!!!
       "... Olha, o inverso aqui está devagar, nós já plantamos um pouquinho e este pouquinho as pragas estão acabando, mesmo assim a gente continua fazendo novas plantas.
Gilvanete, Lagoinha, 15/02/1994
            Inverno, inverno, sertão, sertão. Agora em 1994. Quando vem a chuva aparece a lagarta. Oh céus!
            “... olha o inverno aqui vai muito bom. Graças a Deus e Nossa Senhora do Céu. Deus como é bom Pai e Nossa Senhora do Carmo como é uma boa mãezinha do céu, a gente fica pedindo e rogando a Deus e rezando para não faltar chuva, porque se falta chuva, nós ficamos com as mãos na cabeça porque ninguém tem o que colher. Como choveu as pessoas daqui já plantaram muito, mas as lagartas deu muito também.
            Povoado de Lagoinha, município de Agua Branca
Relato da prima Maristela.
Povoado de Lagoinha, cidade de Água Branca, Estado da Paraíba.
Sertão.
Plantação da seca, a expectativa da colheita.
"... meu pai vai levando a vida como sempre. No dia da feira, quem sabe, dá pra arruma mistura. Esperamos pra esse ano a melhor colheita. Pode ser nove sacos de feijão, seis de arranca e três de feijão de corda. O milho, estão dizendo que vai dar trinta sacos. Tudo isso se chover mais...."
Tabira( PE), 27/09/94
A Verdura do sertão!
“... Aqui nós estamos com saúde e felizes com a graça que Deus derramou em nosso nordeste que agora está rico de verdura, gostaria que você pudesse vir aqui para ver que beleza. Aqui continua chovendo”.
O nosso lucro é pouco porque não tínhamos semente para plantar, mas o pouco que plantamos vamos lucrar. O feijão só não rendeu bastante porque se perdeu muito com as chuvas e ainda temos um pouquinho na roça para colher e o milho vamos lucrar todo quanto plantamos, graças a Deus, estamos ricos."
Gilvanete, Lagoinha, 07/06/94.