Reclamar não adianta
Comadre
Vitória encontrou comadre Pureza na plataforma de embarque do ônibus Circular
Sul, no terminal do Portão.
Assustada,
comadre Vitória disse:
- Nunca
vi uma coisa dessas, Comadre! Pensei que ia morrer e não ia ver um homem
assaltando outro!
- Mas,
me conta com foi isso Comadre?
- Oia,
eu tinha acabado de receber a aposentadoria e sai atrás de um homem, que também
tinha pegado dinheiro no banco. Foi só chegar na esquina, aconteceu!
- Meu
Deus do céu, comadre Vitória, nem me conta!
- Conto
sim comadre Pureza. E tem mais! Tu pensou se fosse eu? Valha-me Deus! (se benzeu).
Se Curitiba tá assim, imagine “praqueles“ lados do Rio e São Paulo?
- Pois
é. Às vezes dá vontade de voltar pro norte, sabe! Mas, também lá as coisas “tão”
difícil.
- Olha
comadre Pureza! O Dinho falou que lá tem gente passando fome!
- Mas,
no norte, comadre Vitória?
- É! Pois
tu não “ouviu” dizer que o povo da roça quer vir pra cidade?
- Quer
saber de uma coisa, Comadre? Se a fome já chegou na roça, logo, logo chega “os
assalto”, não é mesmo?
- É, ta
difícil!
Comadre
Pureza interrompe o pensamento longe de comadre Vitória.
- Mas,
me diga uma coisa, Comadre. Porquê tu não ligou pra polícia, pra dizer do
assalto?
- E
adianta reclamar, comadre Pureza?
O ônibus
biarticulado chegou, as duas comadres entraram e depois que cessou o barulho
infernal das plataformas mecânicas que batem na porta do ônibus, a comadre
Pureza, um voz meio espremida, falou pra comadre Vitória:
- Não adianta
Comadre Vitória! Aqui não adianta.
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