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sexta-feira, 25 de março de 2016

Provérbio do novo século – parte III



Reclamar não adianta

                Comadre Vitória encontrou comadre Pureza na plataforma de embarque do ônibus Circular Sul, no terminal do Portão.
                Assustada, comadre Vitória disse:
                - Nunca vi uma coisa dessas, Comadre! Pensei que ia morrer e não ia ver um homem assaltando outro!
                - Mas, me conta com foi isso Comadre?
                - Oia, eu tinha acabado de receber a aposentadoria e sai atrás de um homem, que também tinha pegado dinheiro no banco. Foi só chegar na esquina, aconteceu!
                - Meu Deus do céu, comadre Vitória, nem me conta!
                - Conto sim comadre Pureza. E tem mais! Tu pensou se fosse eu? Valha-me Deus! (se benzeu). Se Curitiba tá assim, imagine “praqueles“ lados do Rio e São Paulo?
                - Pois é. Às vezes dá vontade de voltar pro norte, sabe! Mas, também lá as coisas “tão” difícil.
                - Olha comadre Pureza! O Dinho falou que lá tem gente passando fome!
                - Mas, no norte, comadre Vitória?
                - É! Pois tu não “ouviu” dizer que o povo da roça quer vir pra cidade?
                - Quer saber de uma coisa, Comadre? Se a fome já chegou na roça, logo, logo chega “os assalto”, não é mesmo?
                - É, ta difícil!
                Comadre Pureza interrompe o pensamento longe de comadre Vitória.
                - Mas, me diga uma coisa, Comadre. Porquê tu não ligou pra polícia, pra dizer do assalto?
                - E adianta reclamar, comadre Pureza?
                O ônibus biarticulado chegou, as duas comadres entraram e depois que cessou o barulho infernal das plataformas mecânicas que batem na porta do ônibus, a comadre Pureza, um voz meio espremida, falou pra comadre Vitória:
                - Não adianta Comadre Vitória! Aqui não adianta.

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