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sexta-feira, 25 de março de 2016

Chão do sertão



Os açudes não sangram!
“... a situação aqui está meio feia, estamos bem, graças a Deus. Os lucros foram poucos, não fizemos milho, assim mesmo fizemos nove sacos de feijão de arranca. As chuvas foram poucas, os açudes quase nem sangram”.
Fim por fim. Feito por mim.
Gilvanete Domingos dos Santos, Lagoinha, 30/06/92.

Migração. Do sertão da Paraíba pra São Paulo.
... Eu peço que Deus te proteja para que cumpra o seu destino, pois eu admiro a sua coragem. Olha, estou em São Paulo, moro com meu irmão (o Bibi) e com Verim (filho do tio Joaquim). Já faz sete meses que estou aqui. Eu sinto muita saudade de você, gostaria de conhecer seus pais que são meus tios, mas acho que nunca vai acontecer, então vou apenas lembrar e ficar com saudade. Mande uma foto pra rnim. Um abraço de sua prima que você chama pelo nome certo. Maristela.
De Maristela ou Telma. Jandira(SP), 22/ll/92
Não tem nem folhas nas matas!
"Aqui estamos sem inverno, não chove, tá um sacrifício por água. Não tem nem folhas nas matas, estão todas secas, a coisa aqui está meio feia."
Maria Janete dos Santos, Lagoinha, 23/02/93
Sobre a seca do sertão...
            “... sim, sobe a venda do feijão, papai continua como sempre, apresar da crise, mas nos vamos levando até mais ou menos; só que a seca aqui é terrível. O pessoal sofre, mais pior é para os animais. É uma carestia de fazer horror, mas tudo é como Deus quer e nós graças a deus estamos bem...” – Ivonete, município de Tabira, PE. 05/93 – Tabira.
            Chuva no sertão
            “... Olha sobrinho, caiu a chuva aqui dia 1,2 e 3 de maio (ano 1993). Eu plantei um pouco. Tem gente que não vai plantar mais, porque aqui ainda não temos inverno. A gente fica pensando que não vai mais vir chuva.” Antonio, povoado de Lagoinha, município de Agua Branca, PB. 14 de maio de 1993.
            Não choveu e ainda morreram vários!
"... Olha, aqui ainda não choveu, só caiu um sereno para nos animarmos e confiar mais ainda em Deus. Neste final de ano morreu bastante gente por aqui, morreu Maria de tio Zé Domingos, morreu titia de tio Zé Domingos também e morreu também uma irmã de mamãe, Marcelina, não sei se você conheceu ela e no dia 19 de dezembro morreu João de finado Nego Domingo, o paralítico da cadeira de rodas, lembra?
Gilvanete, 06/01/1994, Lagoinha 
            Choveu, melhorou!
            “... não escrevi antes, não foi por falta de tempo, mas só porque eu queria te escrever quando as coisas melhorasse e agora já melhorou um pouco porque deu umas chuvas boas, já fizemos um plantio, já estão nascendo milho e feijão. Olha, foi uma chuva tão boa que o açude do tio Joaquim encheu. Olha, aqui tava tão ruim que não tinha nem o que os bicho comer. Os bicho comia “agave” pra não  morrer de fome”. Antonio, Lagoinha, Agua Branca, PB, 27/01/1994
            As pragas devoram o que resta da plantação!!!
       "... Olha, o inverso aqui está devagar, nós já plantamos um pouquinho e este pouquinho as pragas estão acabando, mesmo assim a gente continua fazendo novas plantas.
Gilvanete, Lagoinha, 15/02/1994
            Inverno, inverno, sertão, sertão. Agora em 1994. Quando vem a chuva aparece a lagarta. Oh céus!
            “... olha o inverno aqui vai muito bom. Graças a Deus e Nossa Senhora do Céu. Deus como é bom Pai e Nossa Senhora do Carmo como é uma boa mãezinha do céu, a gente fica pedindo e rogando a Deus e rezando para não faltar chuva, porque se falta chuva, nós ficamos com as mãos na cabeça porque ninguém tem o que colher. Como choveu as pessoas daqui já plantaram muito, mas as lagartas deu muito também.
            Povoado de Lagoinha, município de Agua Branca
Relato da prima Maristela.
Povoado de Lagoinha, cidade de Água Branca, Estado da Paraíba.
Sertão.
Plantação da seca, a expectativa da colheita.
"... meu pai vai levando a vida como sempre. No dia da feira, quem sabe, dá pra arruma mistura. Esperamos pra esse ano a melhor colheita. Pode ser nove sacos de feijão, seis de arranca e três de feijão de corda. O milho, estão dizendo que vai dar trinta sacos. Tudo isso se chover mais...."
Tabira( PE), 27/09/94
A Verdura do sertão!
“... Aqui nós estamos com saúde e felizes com a graça que Deus derramou em nosso nordeste que agora está rico de verdura, gostaria que você pudesse vir aqui para ver que beleza. Aqui continua chovendo”.
O nosso lucro é pouco porque não tínhamos semente para plantar, mas o pouco que plantamos vamos lucrar. O feijão só não rendeu bastante porque se perdeu muito com as chuvas e ainda temos um pouquinho na roça para colher e o milho vamos lucrar todo quanto plantamos, graças a Deus, estamos ricos."
Gilvanete, Lagoinha, 07/06/94.


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