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segunda-feira, 4 de abril de 2016

o boi e o jumento



 O boi e o jumento no nascimento de Jesus Cristo – o boi e o jumento no presépio
1º capítulo
Quem é Rume-rume e Sem-pressa
                Rume-rume é um boi como qualquer outro. Vive pastando e comendo a ração que seu dono lhe dá.
                Sem-pressa é um jumento, também como qualquer outro. De vez em quando puxa uma carga pesada e o resto do templo caminha pelo campo numa lentidão que só.
                Rume-rume e Sem-pressa são dois velhos escudeiros de seu dono. Neste campo passa boi,passa boiada mas Rume-rume e Sem-pressa não passam, permanecem como se fossem eternos.
                De dia estão no pasto, no caminho, na verada da cerca, ao lado da porteira... de noite estão na cabana. Um ruminando e o outro cochilando.
                Rume-rume e Sem-pressa não dormem, passam a noite a observar a lua e as estrelas, pensando na bela história de salvação do homem.
                A cabana onde moram é sustentada por dois pés direitos, coberta com palhas de coco catolé, sem frente e trás, totalmente aberta dos lados e a luz da lua ilumina toda a cabana.
2º capitulo
                Certo dia como de costume Rume-rume e Sem-pressa caminhavam pelo pasto quando avistaram o Beija Flor que vinha voando em alta velocidade e de repente pousou num toco seco. Ele estava fadigado, suspirando como se estivesse acontecendo algo muito estranho.
                - que aconteceu companheiro?
                - nem te conto, respondeu o Beija-Flor.
                O Beija-flor era o porta voz dos bichos que moravam naquele campo. E era porque voava rápido e sempre chegava primeiro que todos os bichos em qualquer lugar que fosse.
                E continuou dizendo:
                - vinha vindo lá de baixo quando avistei dois caminhantes vindo em direção a cabana.
                Este campo era muito conhecido na região. Um lugar distante da cidade que ficou famoso porque o dono do campo tratava muito bem todos os animais que por lá aparecessem.
                Sempre que pessoas vinham na direção do campo os animais se amedrontavam pensando que pudesse ser alguém com intenção de comprar a propriedade e daí acabaria a harmonia no campo.
                Sem- pressa, mais que depressa tratou de se encostar e meio trêmulo, perguntou ao Beija-Flor:
                - Mas, e porque você não assuntou o que eles conversavam?
                - é que eu vim saber se vocês sabem se alguém vem pra cá nesses dias, dias o Beija-Flor.
                O fato de Rume-rume e Sem-pressa ararem a terra, puxar a ração para outros animais e fazerem outros serviços ao lado do dono, dava a eles a condição de escutar todos os planos sobre o campo.
                Então eles repassavam aos outros animais que se reuniam e tratavam de combinar estratégias de defender a propriedade.
                - fazem dois dias que nosso dono viajou. O celeiro está aberto e cheinho de ração, todo arrumadinho, não há ninguém pra chegar aqui, respondeu Rume-rume.
                - Então eu vou segui-los e assuntar esses dois caminhantes. Vou procurar saber o que estão vindo fazer por aqui, disse o Beija-Flor.
                Rume-rume respondeu: enquanto isso vou avisar os animais da mangueira e você Sem-Pressa, fica aqui e avisa quem passar.
                O Beija-Flor e Rume-rume saíram cada qual numa direção e Sem-pressa ficou ali, plantado, com muito medo.
                Nunca vi um burro tão medroso quanto Sem-pressa. O que tem de forte, tem de medroso.
                Em poucos minutos todos os bichos do campo sabiam. Entre os bichos as noticias se espalham muito rápido.

3º capítulo
A noticia mudou a rotina da bicharada. De repente o campo se transformou num sinal de interrogação: o que esta acontecendo? O que poderá acontecer? Porque estamos tão amedrontados?
                Na verdade, nunca houve acontecimento tão alarmante nesse campo. Mesmo da vez que um casal riquíssimo esteve na propriedade, observou toda a terra, fez planos futuros e chegou a preencher um cheque. Os bichos se reuniram deram um belo de susto no casal. Rasgaram o cheque e nunca mais voltaram.
                Mas dessa vez o casal caminhante já estava muito próximo, não sabiam os bichos quem eram eles e passaram a temê-los, porque todos os bichos sentiam algo diferente, uma sensação muito diferente das outras vezes. Algo ia acontecer, mas o que seria?
                Os bichos ficaram em alerta.
                O Jacaré Papo Amarelo permanecia quieto como nunca na beira do lago, camuflado entre as folhas. Quando o casal passou na beira do lago, não viu o jacaré e o jacaré se arrepiou todo, paralisado.
                As galinhas chamaram seus pintinhos e passaram a andar em grupo de cinco. Assim eles poderiam cacarejar bem alto e alarmar o campo inteiro em várias direções. As galinhas e o galo são os animais que mais incomodam as pessoas quando estão dormindo.
                Os patos usaram a mesma estatégia das galinhas mas foram caminhar por outro lado.
                Os macacos se distribuíram pelas arvores e ficaram quietos aguardando ordens.
                A coruja sentou em cima do toco, perto de Sem-pressa, encolheu um pé e ficou pensando, como sempre faz.
                As cobras chamaram seus filhotes e se recolheram em suas tocas.
                E assim todos os bichos se recolheram e ficaram aguardando o beija-flor, rume-rume, dentro do singelo presépio que encena o nascimento de Jesus. Seus personagens conhecem de cor e salteado essa história. Não há fala até nasça o menino e solta o seu vagido e então surja os visitantes humanos. Daí em diante todo o mundo sabe o que se falou e o que se passou com essa família e o recém nascido.
                Mas, pensar que essa cabana se ergueu num passe de mágica é pensar errado. Ali era abrigo de animais que assistiam a tudo e participaram de toda essa história.
                Não há cientificamente alguma possibilidade de saber o que os animais daquela cabana estavam pensando e falando entre si.
                Mas outro dia eu estava sentado num banco de pedra no quintal de minha casa quando um beija-flor pousou num galho de jurubeba florido que, de tanta alegria em encontrar a bela flor e alimento o beija-flor me fitou e disse:
                - o que esta pensado?
                Eu olhei meio espantado, meio desconfiado para o Beija-flor seria final dos tempos? Onde já se viu um beija-flor falar? De qualquer modo era uma experiência inusitada e resolvi conversar com o beija-flor.
                - ora, ora, disse eu. Primeiro que beija-flor não fala, segundo que beija-flor jamais vai entender a fala de um ser humano.
                O beija-flor balançou o bico, sacou um pouco de alimento duma flor, deu meia volta e parou rente a minha cabeça, pousando no ar. Suas asinhas batiam num movimento muito rápido, tão rápido que mais parecia pás de ventilador em alta rotação.
                É um espetáculo ver um beija-flor bem de pertinho. Talvez seja uma das aves mais lindas do mundo, mais esperta e mais inteligente. Não precisa de terra firme ou galho para pousar e se alimentar. Ele pode fazer isso equilibrado no ar. É autossuficiente em relação aos outros animais mas tem um coração bondoso. Com muita facilidade se próxima de quem quer que seja, basta haver uma flor por perto.
                - disse o beija-flor. Realmente eu não compreendo palavras do ser humano mas entendo o sentimento dos animais.
                - e se é assim, como pode falar comigo?lhe respondi.
                - é muito simples. Todos os beija-flores falam, cada qual com seu jeito (desde que nasceu o beija0flor aprendeu a falar) mas somente as pessoas sensíveis com a natureza e com as outras pessoas é que podem entender.
                Me calei por um instante, levantei-me me espreguicei, sentei novamente. O beija-flor deu uma voltinha no pé de jurubeba e se colocou novamente a minha frente. Então respondi-lhe.
                Sei que sou sensível com o mundo ao meu redor. Todos os dias luto para a vida ser mais justa... desde quando um beija-flor fala?
                E o beija-flor passou a explicar.
                - presta atenção na história que vou contar a você e então vai entender tudo e tirar suas dúvidas.
                Havia um campo e o seu dono possuía muitas plantações de onde cultivava vários alimentos para o seu sustento. Mandioca, milho, arroz...
               
                FAZER QUE TODOS OS BICHOS FIZESSEM SUAS TOCAS E CASAS PERTO DA ESTREBARIA PARA FICAREM MAIS PROTEGIDOS, UNS AOS OUTROS, POIS ESTAVAM COM MEDO....
               
                O boi e o jumento poderiam, mas não atrapalharam o nascimento de Jesus Cristo. Vai hoje dar a luz numa estrebaria para ver se consegue licença do boi e da vaca pra nascer. Os animais aceitaram o nascimento então eles devem ser defendidos e quem deve ser o rei dos animais não é o leão mas o bom e o jumento, pois contribuíram para salvação e o desenvolvimento da humanidade. Se dependesse do leão estaríamos até hoje na idade das trevas, devorando as pessoas, traindo um ao outro e não tentando amar o próximo como a si mesmo.

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