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quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Escravos modernos

 
Dizem que Getúlio Vargas foi o “Pai dos Pobres”. Não creio nessa historia. Creio mais que ele foi a “Mãe dos Ricos”.
            Quando Getulio implantou o BNDES, a PREVIDENCIA, a PETROBRAS, a conhecida CARTEIRA DE TRABALHO e outros mega empreendimentos, não criou nada de novo. A Carteira de Trabalho, por exemplo, era um projeto inglês e junto com todas as inovações serviram apenas para abastecimento dos países arrasados com a guerra.
            Como se vê, não houve nada de genuíno nessas criações. O que havia de legitimo no Brasil, nessa época, eram as organizações populares, que tinham um grande projeto para o Brasil. Reforma Agrária, Distribuição de Renda, Justiça Social, eram algumas das ideias que o povo brasileiro queria implantar. Afinal, esse povo já sentia-se quase livre das algemas do Contestado e das incorporações dos governos posteriores.
            Derepente, Getulio negocia inescrupulosamente com nossos trabalhadores. Dou-te o ouro, você me dá o coro. Ou seja, ofereço-te o domingo para descanso, pago esse dia; Você vai ter trinta dias em um ano para descanso e será remunerado... e daí, aquela euforia: ahhh... Ahhh... Que bom!
            Nesse tempo, meu pai era roceiro no sertão paraibano, ali em Água Branca, bem na divisa com o sertão de Pernambuco. O tipo de acerto para plantar, cultivar e colher, mesmo enfrentando a famigerada seca, era a popular “de meia”. A industrialização não poupou o sertanejo que amargou a perca do restinho de terra que possuía. Como a maioria dos sertanejos, meu pai virou retirante, igual uma ave indo de um lado ao outro, não em busca de ouro, mas em busca de identidade, de nova referencia. Ainda hoje, no sertão, vemos restos de paredes e muros com propagandas oferecendo “dinheiro a rodo” aos nordestinos para virem ao Sul do Brasil. Essa nova prática desdobrou-se em dois fenômenos culturais: as viúvas da seca (viúvas de maridos vivos) e os escravos da modernidade.
            Muita gente que nasceu no sul do Brasil é na verdade, filho das viúvas da seca e dos modernos escravos criados por Getulio Vargas. Gente que perdeu sua herança, terras, cabritos e jumentos, e muito mais. Perdeu o sonho e a esperança.
            Portanto, é preciso reler a história do Brasil e principalmente a historia dos sofredores de hoje. Desenhar uma grande arvore ‘culturogenealógica’, utilizar os avanços pedagógicos e técnicos para detectar os traços culturais e devolver com juros tudo que foi arrancado. Senão, os escravos modernos vão se rebelar e explodir de vez essa enorme panela de pressão brasileira.

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