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sexta-feira, 3 de abril de 2015

Aprendi a gostar de mim


Desde que me entendi por gente
decidi que não iria gostar de mim
eu não suportava a dor de esfomiado
nem a angústia por ter que ficar calado.

Já que era proibido gritar e espernear
que razão existiria para estar vivo?
Não havia ninguém que pudesse socorrer
a solução menos enfadonha era morrer.

Quem podia me ajudar não tinha poder
quem tinha poder não ajudava ninguém
sai então pelo mundo para conhecer
pessoas como eu para juntos viver ou morrer.

Só que a morte que eu queria ter
não era a morte morrida
muito menos a morte matada
queria a morte organizada.

Fui em busca do caminho certo
para chegar onde queria
E tentando fugir da ditadura
enfrentei uma vida muito dura.

Fui preso nas algemas de estruturas
encarei a sordidez e tentei ser esperto
e cada vez que dava um passo a frente
a ilusão do passado puxava de repente.

Andava com mãos e pés amarrados
estava preso com pregos nos pés
mas a prisão era apenas a ideia de sofrer
foi quando me libertei pra ideia de viver.

E num belo dia vi o que deveria ter visto
que ser livre nada tem haver com prisão
mas com o querer buscar a liberdade
Falar, gritar, em todos os cantos da cidade.

No dia que encontrei com minha gente
ganhei a liberdade e sai da prisão
rasguei o peito e acabei com os segredos
então me livrei da angustia e dos medos.

Nessa história de querer ser de verdade
prisão é lugar comum sem ação
cárcere é para os que matam
mentira para os covardes que maltratam.


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