Desde que me entendi por gente
decidi que não iria
gostar de mim
eu não suportava a dor
de esfomiado
nem a angústia por ter
que ficar calado.
Já que era proibido
gritar e espernear
que razão existiria
para estar vivo?
Não havia ninguém que
pudesse socorrer
a solução menos
enfadonha era morrer.
Quem podia me ajudar
não tinha poder
quem tinha poder não
ajudava ninguém
sai então pelo mundo
para conhecer
pessoas como eu para
juntos viver ou morrer.
Só que a morte que eu queria
ter
não era a morte
morrida
muito menos a morte
matada
queria a morte
organizada.
Fui em busca do caminho
certo
para chegar onde queria
E tentando fugir da
ditadura
enfrentei uma vida
muito dura.
Fui preso nas algemas
de estruturas
encarei a sordidez e
tentei ser esperto
e cada vez que dava um
passo a frente
a ilusão do passado
puxava de repente.
Andava com mãos e pés
amarrados
estava preso com pregos
nos pés
mas a prisão era
apenas a ideia de sofrer
foi quando me libertei
pra ideia de viver.
E num belo dia vi o que
deveria ter visto
que ser livre nada
tem haver com prisão
mas com o querer buscar
a liberdade
Falar, gritar, em todos
os cantos da cidade.
No dia que encontrei
com minha gente
ganhei a liberdade e
sai da prisão
rasguei o peito e
acabei com os segredos
então me livrei da
angustia e dos medos.
Nessa história de
querer ser de verdade
prisão é lugar comum
sem ação
cárcere é para os que
matam
mentira para os
covardes que maltratam.
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