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sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

40 segundos



Naqueles momentos de solidão
Uma dor intensa toma conta do ser
A mente não sustenta mais uma ideia
E começa a vontade de morrer.

Feito isso, devo tomar uma decisão
Respeitar o que indica o livre arbítrio
Optar por matar a mim mesmo
ou  acolher a sina de viver o  meu martírio.

O pior é que num instante tudo acontece
Eu vou tomar uma decisão inteligente
Esquecer todas as ideias já existentes
E apenas contar de um a quarenta.

Então, contar pausadamente
Tentar descobrir onde estou
Se é aqui, ouvindo essa voz,
Ou distante, querendo voltar. 

Nesse pequeno espaço de tempo
O coração bate atordoado,
Vem a lembrança dos sonhos que se foram
Nem percebo ninguém ao meu lado.

Quarenta suspiros profundos,
Sem dor ou com dor talvez.
A sensação de que nada mais tem sentido.
Chega. Parece que aquilo que foi bom se desfez.

E aquela voz de quem me criou?
Como ficará quem me deu a vida?
E o ódio que dentro do meu ser se enraizou,
Que me faz ver um mundo sem saída?

São apenas Quarenta segundos de vida.
Conto de um a quarenta. Penso: seja forte!
Não te cortes nem se enforque ainda
É esse o tempo que pode te livrar da morte!

Porque, não sei se nesse instante,
Vai surgir alguém pra impedir.
De cortar a corda, segurar o braço,
Pra poder voltar a sorrir.

E por amor, conto de um a quarenta,
Antes de tentar matar a dor.
Tento outra vez voltar para casa
Queiro de novo sentir um cheiro de flor.

Não são as pessoas meus inimigos.
Conto de um a quarenta pra ver.
As paredes estão frias, as noites vazias,
Paredes e noites desejam o meu fim.

Você que me vê assim arrasado
Vai dizer que não amo ninguém,
Vai me mandar rezar, tomar remédio, sei lá
Devia-me mandar contar de um a quarenta.

Mas tuas palavras machucam demais
Você só aprendeu desfazer-se de mim e dos outros caçoar
São estas coisas que provocam a dor
E faz minha morte acelerar.

Todos deveriam saber: Contem de um a quarenta,
E pense: podia ser eu também
Estar infeliz, sentir-se humilhado.
A morte, eu não devo desejar a ninguém.

Pois é, a vida assim se torna pesada demais.
Uma dor que causa torpor e a pessoa não agüenta,
De novo a vontade do corte, da morte, suicídio
Conte de um a quarenta.

Esse é o tempo da sinceridade
O tempo que a vida lhe pede agora
Por um instante livre-se de teu egoísmo,
Olhe pela fresta de seus olhos, lá fora.
Não sinta vergonha, você não é covarde,
 do teu sofrimento, da sua pressão
Você não é covarde por não se enforcar
Você fez isso por causa da humilhação

Quem se cortou ou tentou se enforcar
Não fez pra chamar atenção
Alguém a humilha demais
A faz sangrar e você vêem na morte a solução

Dedico essa poesia a todos
Aqueles que desistiram
Que chegaram ao seu limite
Dedico a todos aqueles que soltaram a faca
Que largaram os comprimidos, que soltaram da corda,
Que deixaram de ingerir o veneno.

Dedico àqueles que não puxaram o gatilho
E mesmo com o pulso cheio de sangue
Ou os olhos cheios de lágrimas
Contaram de um a quarenta.

Eu nunca pensei me suicidar
Mas eu descobri o motivo
Que fez pessoas desistir de se matar
E na vida acreditar

É que eles contaram de um a quarenta
E foi o tempo do seu valor perceber
E viram que a sociedade, a política, o sentido de nação
Só tem sentido se a pessoa viver.

Tudo que existe
Ciência, fé, religião.
É para a vida ser mais longa
Inclusive a vocação.

Você que está ouvindo essa poesia
Antes de humilhar, de botar apelido e caçoar.
Conte de um a quarenta e pense
Por sua causa alguém pode se suicidar.

Conte de um a quarenta e desista
Em menos de um minuto você vai descobrir
Que o maior segredo da criação
É o motivo de viver e sorrir.

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